11 julho 2007

Tortétu

Cara pálida, não tem jeito, é sempre colonizador, com olhar de destruidor. Então, segue "Torto", mas será que o título não seria melhor como "Tortétu"?

Torto


É torto o Cerrado?

Ou é torto o teu olhar?

(Cara-pálida).

(porque a cor vermelha? cor das chamas das carvoarias que estão consumindo o cerrado neste exato momento)

Canela

Hum, sempre gostei de canela. Já não posso dizer o mesmo para cravo. Então teve a Graziela, guria da educação física lá de Viçosa, que eu era doidinho por ela, naquela época. Na verdade eu me inspirei numa música para fazer o poema. A música era Luíza, de Tom Jobim. Acho que hoje não faria um poema tão romântico como esse (será que um dia já fui um dos últimos românticos? hum..)


Canela

Ai Graziela, canela de
meus temperos
Que vontade me dá
de te conhecer

Menina doce, aquarela de
meus sonhos
bela e singela, vem...

Abre a cancela e entre
para o mundo

Vamos sair desta favela
Empurre a janela, vai...

Linda donzela, veja o
colibrí sugando o arco íris

explodindo tudo o que há
entre nossos corações.

A perícia

Uma crônica escrita quando eu ainda fazia mestrado na UnB.

A perícia
Jacques Philippe Bucher

Andando no estacionamento da UnB, presenciei uma cena, não tão horrível, mas, chata. Uma moça loirinha, tipo universitária, uma flor de estudos cibernéticos. Seu carro italiano— um FIAT diga-se de passagem, aparentemente batido atrás de um outro. O segundo carro, um imponente e reluzente Corsa, cujo dono parecia ser também um universitário, camisa para dentro, talvez nesse dia ele provavelmente não estivesse usando lentes, o Maurício. Cada um encostado em seu carro, evitando olhar para a cara do outro, com pensamentos levemente xiitas. Verdadeiras caras de tacho. Estavam aparentemente esperando a perícia Meu Deus. Eis que aparece um sujeitinho saído de sei lá onde, de crônica talvez, um verdadeiro chato atazando caras de tacho.
—Bateu foi?
—Foi. Responde educadamente a moça, sem mover um músculo da face. Vendo a disposição da moça, muito sensivelmente o chato se dirige ao rapaz.
—Tem pouco tempo? O rapaz não responde. O chato volta a se dirigir à moça.
—Que coisa horrível. É chato quando acontece isso né? Uma vez aconteceu comigo, à muito tempo, perto de um túnel. Nossa, parece que amassou muito.
Os dois começam a se sentir incomodados realmente. O chato se empolga:
—Vocês estão esperando a perícia é? Aqui ela demora muito. Na minha vez foi a mesma coisa. Na semana passada vi um acidente feio, ali do outro lado, até a ambulância demorou para chegar. Sorte que não tinha nenhum ferido.
Se a ambulância chegou, mas demorou para chegar, mas não havia feridos, para que ela chegou? Ele prossegue:
—Será que o conserto vai ficar muito caro?
—Você quer calar a boca? Interrompe o rapaz, indignado.
—Nossa eu só estava querendo ser gentil. O que eu poderia fazer por vocês? É tão chato ficar esperando pela perícia uma hora dessas. Moça, você comprou o seu carro tem pouco tempo? Parece novo.
Atônita a moça começa a ficar vermelha.
—É um carro bonito, esse o seu. Mas acho que vai sair de linha. Será que você vai achar peça?
Peça rara esse sujeito. A moça segura nervosamente no molho de chaves. O rapaz sente vontade de bater no chato, e os leitores impacientes esperariam um genocídio à altura, mas ele desiste. Não que o chato fosse mais forte, não se trata disso, o fato é que cada um era mais franzino que o outro. O chato abre a boca novamente, e antes que ele pudesse completar a frase os dois entram nos respectivos carros e decidem sair em disparada. Saíram batendo pneu, sei lá como iriam fazer com a perícia. Não me perguntem. Perguntem ao chato.

10 julho 2007

A FRESTA

Este poema, tudo bem, foi uma paixão por uma antiga vizinha minha, lá em Viçosa. Nosso apartamento, no último andar de um prédio de três andares no início da famosa rua do Leão, era grande, bonito, de tábua corrida, Morávamos em quatro e transformamos a sala em um dos quartos, que era justamente o meu. Época boa! Ficava em cima do quarto dela, no apartamento embaixo, sala também transformada em seu quarto. Como o prédio não tinha elevador, subia as escadas sempre passando pela porta do seu quarto. Quando passava na escada de noite era possível saber se estava no seu quarto. É claro que entreguei o poema! Mas vocês nunca conseguirão arrancar de mim o nome dela. hehe

O Segredo da Fresta

A cada vez que subo
Escalando os degraus
Olhado por uma luz sonora

Vejo minha pele emudecer

Sangrando-se em amores
Do mais sublime
Fechado coração

Coração Aline.

O Professor

Segue uma crônica minha quando eu era professor da Faculdade Objetivo, em 1999. Naqueles tempos modernos Bamerindus, tempos difíceis. Espero que meus atuais alunos que vão ler esta crônica saibam compreender o espírito desta crônica e não me levem a mal. Mas o que é uma crônica? Seu recurso estilístico é a distorção da realidade, numa produção curta e subjetiva diante de um fato qualquer. A linguagem das crônicas é muitas vezes descompromissada e coloquial, com muitas doses de ironia, humor e crítica. Oscila entre o jornalismo e a literatura. O cronista por natureza vai relendo seu cotidiano na cabeça, transformando as duras situações com boa dose de humor. Não sei se perceberão, mas minhas crônicas são sempre acompanhadas de passagens musicalmente cadenciadas, uma vez que a música sempre foi uma constante para mim. E muitos erros são mesmo propositais, quebrando a Academia.

O Professor
J. Philippe Bucher

"As aulas que mais tenho gostado de lecionar são as aulas de inglês, eles são uns amores. O que é um pouco puxado são as aulas de Botânica. Eles são uns capetas. Trabalhar é muito interessante, dar aula então acaba sendo um estudo sociológico. A gente fica conversando sobre a matéria, que foi preparada para tal, e observando os alunos. Claro, sim, tem sempre aquele que chega atrasado mesmo, incorrigível. E aquele que fica te olhando com cara de sono? Parece que trabalhou ou dormiu o dia inteiro. Mas tudo bem, ossos. Mas a gente como professor, tem aquele outro lado, não dá para deixar de observar aquela bem ali, olhos amendoados, nariz mais afilado, muito lindinha mesmo. Sair com ela? Não acho que não, talvez com a turma pra tomar um chopinho. Mas o ruim mesmo é quando todos perguntam ao mesmo tempo na hora da prática, você louco pra acabar a aula e ela acabou de começar. O microscópio não funciona. Falta giz. Tem um aluno que te chama porque não fez uma prova com a outra professora, aquela, justamente a que você está substituindo. O que é isto aqui? Diabos, não me lembro de ter estudado isto. Um tecido de células meio estranhas, nunca vi. De vez em quando, é sempre assim. A gente se prepara para a aula, estuda A e B, eles te perguntam C e D. As vezes até alfa e beta. O que faço Deus do Céu? "Olha, aí você já tá entrando num campo muito complexo, só mesmo a nível de pós-graduação para entender isso." Mas sempre tem aqueles alunos, mais aplicados e interessados, estes sim, já estão passados. Acaba a aula e você louco pra querer ir embora, eles te perguntam sobre tudo. Tudo bem. Em nome da ciência. E a ciência do meu estômago roncando. Que ciência Meu Deus, paciência. Eles me revelam coisas surpreendentes. A outra professora era muito nervosa. Tudo bem. Bastante estressada. Tudo bem. Saiu porque a turma era bagunceira. Deixa pra lá. O celular toca. Justo praquela menina lindinha? O celular toca novamente para o cavalheiro sentado na esquerda. Pedir para eles não deixar tocar o celular? O meu tocou outro dia em plena aula, esqueci ligado. E a turma do fundão? Do fundão ou do funil, sei lá, tudo começa com efi, acaba sendo a mesma coisa. Outro dia fiz uma experiência. Cheguei mais cedo, escrevi a matéria cuidadosamente no quadro, letras garrafais, sabe, sou míope. Deixei eles copiarem, Meu Deus, quanta demora. Mas tudo bem, muitos trabalham de dia. E muitos estão conversando também. Ameaço explicar a matéria. Acaba de chegar mais um. E mais outro. E mais outro. Não vai parar? Começo a explicar a matéria do fundo da sala, empunhado com uma caneta laser. Chega mais um. Ameaço furá-lo com o laser. Brincadeira. Até que estão se comportando bem. Mas na fileira exatamente ao lado dois começam a conversar. Copsfardeco. Sei lá essa era uma palavra em alemão que minha mãe sempre falava. Não que ela fosse alemã, coisa de professores. Será que eu vou ser assim também? E quando me chamam de professor? Disse que me chamassem pelo meu nome. Professor, tem mais roteiro? Na direção só me chamam de professor. Na direção. Na cantina, banheiro, corredor, todos, guardas a serventes. Até no teatro outro dia. Não vão parar? Nem casado sou. No primeiro dia estranhei. Mas confesso que fiquei lisonjeado. Professor. Aquele que professa alguma coisa. Um dia ainda vou procurar num desses dicionários etmológicos. O tempo acabou. Tenho que preparar a próxima aula. A gente acaba descobrindo que gosta de dar aulas. Quando é mesmo a aposentadoria?"

O Brinco

E, a continuação.

O Brinco

Foi só ela falar. Tinha um ano que eu não usava brinco. Ela disse no telefone. “Meu filho vc agora tá dando aula, precisa se vestir melhor tomar outra atitude de vida e parar com esse negócio de brinco”. Que eu realmente preciso comprar roupa é mesmo verdade. Mas, pra que ela instigou parar de usar brinco? Lá fui eu no dia seguinte com um pra repartição. Pronto. O velho redator não gostou. Sei lá, andropauso talvez. Entende. Ficou de cara emburrada por dois dias. Quase pensei em desistir do estágio. Foi um horror. Ainda faltam dois anos. Ficar de cara emburrada por causa de um brinco? Que país é este? E meu lado de artista? Quando eu nasci qual foi a surpresa dos médicos quando eu já estava de brinco. Não é moda, é tendência mundial. Uma vez na escola o diretor resolveu proibir quem usasse brinco. Os homens é lógico. No dia seguinte metade dos rapazes estava de brinco. Quem não tinha procurou furar. Quem estava sem colocou. Queriam ver ele impedir o galo de cantar, e como ele cantou. Perseguiu a gente quando a gente quis abrir um grêmio. Pudera. Nossa chapa se chamava LSD, Liga Social Democrática. Mas também que idéia, a minha. Coisa de menino. O diretor era mais falso que uma pérola de plástico, não valia o que o gato enterra. Fiquei sabendo outro dia que faleceu tem alguns anos. Coitado. Que Deus o tenha. Não sei, a gente acha tão charmoso usar brinco, eu gosto. Elas também. Esportistas, artistas, jovens, mafiosos, piratas, intelectuais, todos usam brinco, por que não? Será que ele é? É o que? Irreverente, só se for. Foram os piratas que começaram com esse negócio de só usar do lado esquerdo. Talvez por causa da espingarda, se o pirata usasse um brinco do lado direito, cada vez que o martelo da espingarda batia no cartucho, era um auê. Brinco voando com pedaço de orelha pra todos os lados. Aí eles começaram a usar do lado esquerdo que era pra não atrapalhar. Sei não, só sei que foi assim. Mas os adultos sempre precisam pegar no pé de alguma coisa. Se não é por causa de um brinco é por causa de cigarro. Se não é por causa do cigarro é por causa do brinco. Brinco pelo menos menos mal. O pior é que ele olhava para mim, e eu já sabendo que ele ia ver, era um tal de virar o rosto para o outro lado. Não sabia qual seria a reação. Previa fortemente apenas. Aí me chamou do lado esquerdo. Meu Deus e agora? Pensei com Deus e meus botões. Estava indo tudo bem. Estávamos discutindo sobre um artigo que ia sair daqui a algumas semanas. Dava para ver que ele estava animada. De repente, não mais que de repente, os céus ficaram escuros, a brisa virou, não espuma, mas tempestade. As rugas, franzidas, começaram a cair. A cabeça se ergueu um pouco mais. A boca ficou seca. Os olhos, esses nem bom falar. O tom de voz, suave, abaixou. Mas sempre com aquele espanhol sotaque forte. Um estagiário usando brinco? Pensei que ia morrer. Estava sendo crucificado, macerado e liofilizado. ‘Do pó viestes e ao pó retornarás’, pó de mim, pobre de mim. “Ele está meio zangado?”. “Não, é o jeito dele mesmo”. Menos mal. Menos mal nada. De noite tirei o brinco. Droga, vou ter que comprar um automático. Desses que sai sabendo a hora, tira sozinho. Igual aquelas roupas que de tanto a gente usar elas já vão sozinhas para o armário. Ou aqueles carros que consomem muita gasolina e quando passam na frente de um posto tem seta automática. Brinco automático. Gostei da invenção. Igual a gente suprimir nosso lado artista pra assumir o lado cientista. ‘Agora está na hora de vc ser artista’. ‘Agora está na sua vez como cientista’. E assim vai o dia inteiro. Hora de um, hora do outro. Não dá para ser os dois? Os famosos puristas. É assim e pronto. O tempo acabou de novo. É assim e pronto.

Artigos calouros

Hum, então seguem dois artigos ensaios retirados do fundo do baú. Escrevi quando era calouro de agronomia em Viçosa. Saíram nas duas edições do jornal do DCE, gestão "Noigandres", 1990. Hoje os artigos são interessantes para um jovem calouro iniciando em seu curso universitário, mas, sinceramente, são um pouco inocentes.

A CRISE OCIDENTAL DE ESCASSEZ DE IDÉIAS (1990)

O aspecto global que nos tem cercado nos leva a crer que os países ocidentais estão em crise no campo das idéias. Os jovens, quer sejam de países avançados economicamente (econômicos sim, mas não cultos, inteiramente) quer sejam de países do terceiro mundo, já não possuem interesse em se manter(em) informados como gerações passadas. Tal qualmente os jovens, estão os adultos, porém é nós jovens a quem o futuro pertence.
Estamos em uma época, final de século XX, onde a vida é cada vez mais veloz. A velocidade está presente em tudo, nas máquinas, na tecnologia de ponta, sempre superando e sendo superada, no poder da mídia eletrônica, no marketing, na pressa do tempo, no hamburguer rápido, no correr do dia-a-dia. E na decadência da linearidade das frases dos livros pelo império dos filmes de ação. E o futurismo “querendo a demolição dos museus e a queima das bibliotecas”, segundo define Celso Pedro Luft.
A medida que os anos vão se passando, a sociedade parece regredir, comportando-se de maneira ridícula. As pessoas estão menos preocupadas em debaterem, ilustrar e trocar idéias, mantendo-se submissas à mídia eletrônica. Em Nova York, por exemplo, assim como no Brasil, os jovens são gerenciados pelo assunto da moda (ex.: Ecologia da Amazônia), imposto pelos meios de comunicação via pressão das multinacionais. É o acúmulo do modismo e do ultraconsumismo que impede que os jovens avaliem, discutem e analisem por si próprios. Os americanos possuem mil problemas internos dos quais se abstêm. Possuem, também, uma superestrutura nas escolas e universidades das quais não usufruem como deveriam. E nós, latinos, estamos cada vez mais despersonalizados, massificados e limitados. Falta a todos nós muito dinamismo e autocrítica. Não falta(m) objetos a serem analisados. Das últimas décadas para cá, os problemas aumentaram, exigindo soluções maiores. Estamos inertes, mortos e amordaçados. Somos insensíveis, infantis (tipo – “só vou se me derem um doce”) e obsoletos (?).
Não é preciso ir muito longe. Aqui, na universidade, é preciso que sejamos obrigados a assistir um debate via cartãozinho de presença. Um absurdo pelos dois lados, pela direção da universidade que tem nos obrigar a nos conscientizar. Que vergonha! Tem razão eles, da direção, pois, se não o fizessem estaríamos sem idéias. Está claro, quando a maioria se levanta ao ser findo o tempo limite de presença obrigatória de debate. O que está acontecendo? Somos a geração-produto-pós 64? E no mundo? Somos produtos ou estamos em uma fase de transição do movimento hyppie, aquele que possuía idéias e enfrentou e mudou toda uma sociedade conservadora e moralista?
Sim, estamos em uma sociedade em crise. Alguns começam a chegar a esta conclusão e outros saem por si desiludido e desesperançosos. Esperamos que este artigo não seja mais um punhado de frases soltas sem sentido. Um artigo é como um espírito, tem vida e emoções dentro. Esperamos também ser uma crítica construtiva e não destrutiva, para os poucos que preocupam com o rumo das idéias, está lançada a semente
Agro 90

A CRISE OCIDENTAL PARTE II (1990)

Nós, jovens, possuímos um poder de força, incontestável. Segundo Aristóteles os jovens “possuem noções exaltadas; porque eles não foram ainda tocados pela vida ou aprenderam suas limitações necessárias; todavia seus temperamentos de esperança fazem deles pensar igual a grandes coisas – isto significa noções exaltadas... Todos seus erros estão na direção de fazer as coisas excessivamente e veemente... Eles amam muito, odeiam muito, e o mesmo com todas as coisas”.
Possuímos realmente este dom de questionar, dentro de cada um de nós. Porém, o que me deparo é que, se os jovens sempre tiveram muitas bandeiras levantadas, hoje, não possuímos nenhuma estiada, por que? Estamos sem poder de contestação. Será que existem pessoas interessadas lucrando com isto?
Talvez algumas pessoas pensarão “Esses vão dar trabalho...” não queremos dar trabalho, pois nossa função não é esta. Queremos sim, participar, debater, perguntar e nos informar. Será que não nos reconhecemos mais?
Infelizmente vivemos hoje, na época do rotulismo. Rotular significa taxar uma pessoa de algum nome antes de saber a razão daquilo que ela é. Não é a partir da nossa manifestação que façamos passeatas, greves ou seríamos rebeldes, isto são coisas secundárias (apesar de secundárias têem uma razão por trás). Mas é da minha manifestação que não podemos continuar amorfos. O que nos falta são questões a serem debatidas, as drogas, o Movimento Estudantil, a universidade e o papel do estudante universitário.
Na minha opinião, não existe mais o Movimento Estudantil, mas sim, a sobra deste que é o Movimento Militante, de uns anos que ainda tentam fazer alguma coisa. É muito fácil criticarmos o DCE e os Cas e botarmos toda culpa neles. Eles estão fazendo alguma coisa, o que já é grande. Apesar de discordar em alguns pontos e concordar em outros, fui muito bem recebido em suas reuniões, desde o começo. Criticar destrutivamente é muito fácil, participar e tentar mudar a coisa é muito mais difícil. Afinal, “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
A universidade mais antiga do mundo é EL AZHAR, no Cairo, fundada por volta de 970, onde continua funcionando. A palavra universidade vem do latim – universitas – que significa universalidade, totalidade, comunidade, associações, sociedade (?!).
Os principais objetivos de uma universidade são ENSINO (970 – Cairo), PEQUISA 1808 – Alemanha e EXTENSÃO (1860 – Inglaterra). Estes não são a base da universidade, mas sim, os frutos dela, realizados pelos estudantes, direta ou indiretamente, a curto ou a longo prazo. Somos então, a base mais importante da universidade. O reitor, muitos funcionários e os professores não existiriam e não teriam função sem nós, os estudantes. Até mesmo porque, para ser o que são, estes tiveram que ser alunos. As pesquisas serão feitas por nós, futuramente. Por isso, é preciso que nós estudantes estejamos unidos e fortes o bastante para que enfrentemos e saibamos reivindicar nossos interesses e integridade, estamos esquecendo de nossa integridade e que somos a base da UFV.
Enfim, vamos participar, perguntar, denunciar, debater. Se você tiver algo para escrever, não tenha medo, escreva! Você não terá seu “filme queimado”, pois você não é um rolo de filme a ser queimado e sim um estudante da UFV. Faça uma crítica construtiva. Como rotular é deturpar a palavra criticar parece ser destruir. Não se influencie por represálias de professores. Costumo dizer quem dança é um diplomata da música. Mas dance a sua música, não a que eles tocam.

Agro 90

Querer


Segue outro poema meu, antigo, de quando estudava em Viçosa. "Respiração", foi o poema mais rápido que já escrevi, quando de bobeira na biblioteca da UFV, tentando me animar para estudar. Aliás o nome respiração tem a ver com a cadência do poema, mas leiam sem ofegação. :D

Respiração

Um dia o mundo
O mundo cai
Cai por terra
Terra azul de água

Água viva
Molhada e brilhante
Reflexos do sol
Raios de luz

Luz do mar
Mar do querer
Querer lhe conhecer.

(Quem é Nemetscek?)

"Os meninos da Rua Paulo" .:. (Quem é Nemetscek?)

"Um livro
que marcou muito minha infância, foi o clássico livro húngaro "Os meninos da Rua Paulo", de autoria de Ferenc Molnár, que se passa em Budapeste, capital da Hungria. O tradutor no Brasil é o jornalista Paulo Rónai. As gravuras das ilustraçőes săo preservadas do livro original e são únicas, o que estimula a imaginaçăo para retratar o contexto de 1907, quando foi escrito sobre as gangues juvenis de dois bairros rivais de Budapeste. Quem nunca leu "Os meninos da Rua Paulo"?
A personagem do livro me marcou muito, assim como o enredo da história, sua desenvoltura e os nomes dos atores envolvidos. Moradores de edifícios feios e apartamentos apertados, alunos de um mesmo colégio se encontravam em um terreno próximo onde construíram um mundo autêntico de liberdade e expressão para esquecer seus quartos sem ar e as janelas sem paisagem. Os rivais do outro bairro, os camisas vermelhas, também possuíam seu front, com a diferença de que como este se situava em uma ilhota no jardim botânico eles não tinham espaço para jogar péla, um jogo típico local. O melhor espaço para jogar era justamente aquele dos meninos da rua Paulo... a idéia de ocupação e tomada do terreno é o motivo de todas as batalhas desenlaçadas durante a história. Mas num mundo globalizado, que estimula a veiculação das informações em detrimento dos valores, foi um personagem do livro, pelos seus princípios, que chama muito a atenção. Justo o mais fraco e franzino é o eixo central do livro, e me passa hoje como um símbolo contra a globalização, tal qual David contra Golias. Todos os personagens são referenciados com os fortes nomes húngaros, como Csónakos, Pásztor, Boka, Géreb, Csele, Nemecsek. É este último sensível e audaz garoto aquele que transforma este livro num clássico universal, traduzido para inúmeros países, revisto aqui no Brasil em 1945 por ninguém menos que Aurélio Buarque de Hollanda e também motivo de inúmeras peças teatrais infanto-juvenis.
O bravo personagem Nemecsek demonstra em uma passagem do livro uma impressionante resposta à altura, em um certo episódio, sem qualquer tipo de reação física. Foi esta marcante resposta que me fizera reler inúmeras vezes esta passagem quando criança. Por isso até hoje preservei seu nome. Assistindo a um jogo de basquete norteamericano percebi que havia muitos jogadores da Europa Oriental de nomes parecidos com aqueles do livro, e tive a idéia de colocar meu endereço eletrônico como homenagem ao personagem do livro “Meninos da Rua Paulo”. Como seu nome é Nemecsek nada melhor do que aportuguesá-lo já que também é um pouco difícil pronunciá-lo. Então porque não Nemetscek com um t no lugar do c? Desta maneira essa é nossa homenagem brasileira ao personagem húngaro que tantas gerações formou com seus valores e dignidade.
Finalmente....! Consegui então postar os tão sonhados textos no blog. Um sonho antigo, voltar a escrever, prática antigamente realizada, quando tinha dez anos de idade, e naquela época já sonhava em ser jornalista. Pois então serão postadas crônicas, fatos, poemas sobre o cotidiano cultural e político das nossas vidas, íntimas e sociais. Um beijão galera!!

29 outubro 2006

Olá a todxs.... esse é o nosso novo blog....

A Experiência Nemetscek...

Por causa da minha paixão por música o nome é baseado na banda do Jimy Hendrix, "The Jimmy Hendrix Experience". E olha que eu gosto muito mais do Stevie Ray Vaughan, o blues corre em minhas veias...

Aguardem